As pesquisas mundiais sobre Gestão de mudança nos ajudam a entender, credibilizar e dar mais solidez aos processos de mudanças. Partindo do princípio que esse é um assunto atual e de alcance mundial, acredito ser importante compartilhar essas pesquisas com quem busca conhecimento sobre Gestão de Mudanças.

Começando pela pesquisa da Towers Watson, consultora internacional em Change Management, ela nos apresenta os seguintes resultados: apenas 25% das implementações de mudança dão certo, atingem os resultados esperados e têm engajamento, ou seja, 75% dos processos de mudança falham.

Seguindo pelo mesmo caminho, uma pesquisa recente do CIPD ((Chartered Institute of Personnel and Development), Instituto Inglês de Pesquisas em Desenvolvimento Humano, afirma que 60% das implementações de mudança têm atingido os resultados esperados. Portanto, ao longo de apenas dois ou três anos, os índices de resultados positivos estão aumentando e isso é reflexo de organizações que passaram a gerenciar processos de mudança, considerando o modelo de Gestão de Mudanças europeu, ou seja, em um formato mais aberto para gerencia-los.

Voltando para a pesquisa da Watson, um dos motivos para as mudanças não estarem acontecendo é porque existe uma necessidade acelerada das organizações de mudarem e uma necessidade acelerada de nós, como seres humanos, que lidemos com mudança (adaptabilidade), ou seja, que a gente consiga mudar e consiga ter uma mente para mudar. Só que a nossa capacidade de mudar está diminuindo, porque não fomos treinados, desde a nossa infância, para mudar e o nosso cérebro ainda não está preparado para isso.

Atualmente, nós nos deparamos com uma grande demanda de mudanças, um aumento de pressão e uma capacidade de adaptabilidade diminuindo – pois a cada novo processo de mudança, encontramos pessoas com históricos de mudanças muito difíceis. Olhando para esse cenário, podemos prever que é muito difícil uma organização começar uma mudança e conseguir engajamento, pois as pessoas já acreditam que mudanças não funcionam e que essa será apenas mais uma atividade em que vão deslocar empenho e que não dará certo.

As organizações começam a perceber, então, o cinismo; as frases irônicas; as pessoas fingindo que fazem, mas não fazem; pessoas indo para as reuniões e fingindo participar, mas não pretendem implementar. De acordo com a mesma pesquisa, esses são os comportamentos que acompanham esse cenário: a necessidade de mudar, mas a capacidade diminuída.

Você já deve ter sentido isso em alguma parte da sua vida: você ver que há muitas coisas acontecendo, muitas demandas de mudança ao mesmo tempo (na sua casa, na sua vida profissional, dentro de você) e, ao invés de você se sentir melhor para mudar, você se sente cada vez mais angustiado – como se você tivesse uma pilha de pratos para equilibrar e não fosse capaz de fazê-lo. É desse sentimento que essa pesquisa fala e isso é algo muito próximo da nossa realidade.

Em outra pesquisa feita pela McKinsey, descobrimos que um dos motivos para essas mudanças ainda não estarem dando certo é porque elas estão gerando mais atividades para as pessoas, ao invés de estar substituindo-as, causando a fadiga emocional da mudança (em termos clínicos, Fadiga Adrenal).

Nós temos tantas organizações, atualmente, passando por isso e tantos profissionais que já estão nesse estado de fadiga da mudança que precisamos ficar atentos.

Essa pesquisa da McKinsey, também, traz como as pessoas se sentem em processos de mudança dentro da organização: nós temos a média de que as pessoas se sentem frustradas, ansiosas, confusas, hostilizadas (sentimentos e emoções que surgem com processos de mudança). Veja que, além daquela curva da mudança que eu sempre falo, temos a frustração, a emoção e a confusão. Esses sentimentos todos, junto com essa fadiga e com a necessidade ampla de a gente mudar é o que nos impede, às vezes, de nos constituir.

Existe uma questão emocional e uma necessidade de adaptação emocional e saúde emocional para que essas mudanças deem certo.  Esses dados são comprovados por pesquisas de todos os lados: dados médicos, dados neurocientíficos e dados da própria organização que passa por processos de mudança.

Se você está implementando processos de mudança em sua vida ou se você está passando por mudanças em sua organização e sente confusão, fadiga, frustração, saiba que você é normal.  Saiba que, se você tem que fazer isso na sua vida, é importante que você consiga começar a trabalhar tanto a sua consciência sobre esse processo, quanto como você regula um pouco as suas emoções, para que você não se sinta fadigado o tempo todo, confuso o tempo todo e frustrado o tempo todo.

Quando tentamos sair dessas emoções ou as engolimos, o resultado é que os sentimentos não vão embora. Isso também é dado da neurociência: quanto mais acumulamos as nossas emoções, mais elas vão se intensificando.

Muitas vezes, nem nos damos conta de que estamos reagindo em cima de emoções e, inclusive, achamos que já aceitamos e estamos conseguindo conduzir essas mudanças.

Nós vemos isso dentro das organizações e acabamos taxando as pessoas como incapazes, incompetentes e resistentes, mas, atrás dessas emoções, temos pessoas sofrendo em processos de mudanças que precisam aprender e ter consciência sobre isso; aprender a falar sobre isso; aprender como que elas regulam essas emoções e; como que elas procuram o suporte dentro da organização para que essas emoções não perdurem muito tempo e para que a sua organização não comece a ter uma cultura baseada na ironia e no medo de falar sobre as emoções.

Essas pesquisas só comprovam que está na hora de aprender a falar sobre emoções de uma maneira madura, porque elas existem, querendo ou não. Elas podem atrapalhar ou ajudar os processos de mudança.

A última pesquisa que eu gostaria de trazer para vocês foi realizada com gestores de projetos que tem processos em que eles têm que fazer implementações.

Dentre as perguntas que fizeram para esses gestores, estava a seguinte:

– Vocês implementam processos/projetos todos os anos e isso está dentro das suas metas?

A resposta de mais de 80% das pessoas foi que sim, eles implementavam projetos todos os anos e que estavam dentro das suas metas.

Para esses 80% que responderam sim, perguntaram:

– Você faz aplicabilidade de Gestão de Mudanças? Você usa desse conceito, desses métodos ou dessas habilidades para gerenciar os seus projetos?

E apenas 67% deles responderam que sim.

Então, perceba que existe um GAP entre aquilo que precisamos fazer e aquilo que efetivamente fazemos, como gestor e como organização. Ou seja, existe uma necessidade de fazer os projetos acontecerem e de conseguir performance das pessoas,  e sabemos que sem gestão de mudanças não vamos conseguir; sem falar sobre emoções, não vamos conseguir;  sem educar as pessoas sobre o que está acontecendo com elas, não vamos conseguir.

É necessário que a gente se apodere cada vez mais desse conhecimento e consiga fazer com que as mudanças, dentro da sua organização e dentro de você, sejam mais saudáveis, sejam mais rápidas e sejam mais duradouras.

Quanto mais a gente conseguir lidar com isso, mais resultados positivos nós teremos.

Franciele Maftum
#éhorademudaromundo

Vídeo Base: O que as pesquisas revelam sobre a Gestão de Mudanças – 2020 – https://youtu.be/dM0I83qPNm8

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