Em artigo publicado essa semana no site da revista exame (veja o link abaixo), a discussão gira em torno de Thiago Silva, capitão da seleção brasileira de futebol, que se negou a bater o pênalti da decisão das oitavas de final e demonstrou grande instabilidade emocional.
O texto traz uma discussão interessante, do ponto de vista de liderança, entre até que ponto podemos ser vulneráveis e até que ponto isso se torna um descontrole emocional.
Sabemos que, assim como no jogo, o descontrole emocional pode atrasar ou atrapalhar os nossos resultados. Sabe-se também que decisões tomadas através de estados puramente emocionais podem trazer consequências nos resultados individuais, tanto no futebol quanto nas organizações.
No mundo organizacional assim como na vida, precisamos separar algumas coisas para melhor entender como a vulnerabilidade (ou humanização como diz o texto) ou ainda “melodrama”, fazem parte da inteligência emocional e não o contrário. Quanto mais inteiros e conscientes dos nossos próprios gatilhos (nossos medos, crenças, inconsistências, desejos e pressões internas) melhor conseguimos entender as nossas emoções e reposicioná-las ao contexto, ao invés de controla-las.
Estamos tão acostumados a racionalizar as coisas que, para as organizações, profissionais que possuem inteligência emocional são aqueles que controlam as emoções. E na verdade, o próprio controle já traz em si uma disfunção emocional.
Faz parte das competências emocionais: a integridade de sentimento e a vulnerabilidade, a validação do que sentimos e daquilo que somos, a própria percepção e a autoconfiança. Isso envolve uma grande gama de outras características como: autoconhecimento, empatia, coragem, distinção do que é real e do que é distorcido, das nossas próprias crenças, dos desejos e entendimento do ambiente.
Então, ao falarmos de líderes que possuem inteligência emocional precisamos falar de todos esses itens acima. A estratégia de racionalização ou de distanciamento da emoção pode até funcionar, porém comportamentos de falta de inteligência emocional são mais provenientes da utilização dessas estratégias do que do desenvolvimento dos componentes da emoção em si.
Ao racionalizarmos o mundo, as pessoas e a organização, nos distanciamos de nós e portanto temos muita dificuldade de entrar em contato com as nossas emoções: o resultado? Surtos emocionais em situações especificas de pressão ou a frieza total para controlar as situações. Seguido disso, doenças físicas e psicológicas.
Não tem muito para onde fugir, para se alcançar o que Daniel Goleman chama de Inteligência Emocional é preciso uma alta dose de autoconhecimento e vulnerabilidade. Estar conscientemente vulnerável causa o contrário do descontrole emocional, pois envolve uma validação real do que você é e de como se sente. E quanto antes as organizações conseguirem entender esse funcionamento, maiores serão os seus resultados, através de indivíduos mais preparados para gerir a própria vida e a organização.
Quanto ao Thiago Silva, não o conheço o suficiente para saber qual das reações o acometeram, mas torço para que ele possa estar melhor para a próxima partida.
Franciele Maftum
http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/thiago-silva-travou-lideres-podem-fazer-isso
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