Falar que o mundo e a economia estão em constantes transformações não é mais novidade para ninguém. Que vivemos um cenário de incertezas constante e que a nova regra nas organizações é saber lidar com mudanças está estampado em quase todas as edições de revistas de negócios. De repente, saber gerenciar mudanças virou normativa. Em um pais que vive uma insatisfação muito grande com o cenário presente, onde a população se divide em opiniões sobre o futuro, a única certeza que todos parecem ter é a de que o cenário atual não é dos melhores e que precisamos fazer algo. Precisamos quem? Precisamos todos.
Já não é de hoje que pessoas e organizações enfrentam problemas de produtividade, desempenho e falta de mão de obra qualificada. Já não é de hoje que empresas investem na reestruturação interna, seja ela de sistemas, de pessoas ou de processos. Não é de hoje que o assunto da moda é inovar e maximizar para sobreviver. Mas com a inovação vem a mudança, a incerteza em um cenário que já é incerto por si só; e com isso os problemas de produtividade, desempenho e etc, aumentam ao invés de diminuírem.
As organizações que se prepararam para isso e capacitaram “o pensamento” das pessoas da organização, são as que tem conseguido mais resultados positivos com menos sofrimento. Profissionais que já possuem ou adquiriram a habilidade de olhar para as mudanças e gerenciá-las com otimismo e realidade apresentam hoje resultados melhores do que os que não se preparam. E eis que o assunto em pauta é saber gerenciar mudanças de maneira eficaz, seja na organização como negócio, seja em áreas específicas ou na vida pessoal.
E quando falo de gestão de mudanças, falo de saber ler e compreender o cenário atual, enxergar o cenário futuro, conseguir extrair do caos a criatividade, lidar com pessoas, entender e engajar as pessoas gerando confiança e sustentabilidade. Falo de compreender a gestão de mudanças com que ela tem de mais efetivo que é o olhar na sutileza e nas entrelinhas. É um pensamento diferente do que estamos acostumados nas organizações, e até mesmo, oposto ao que aprendemos dentro delas. É aprender o que a escola não ensina, a construir educação através da autonomia. É o que Edgar Morin fala nos 7 saberes para a educação do futuro, “precisamos aprender a ser”.
E como aprender a ser se as organizações estão envoltas em uma cultura onde o erro é inaceitável, onde o sarcasmo é utilizado como forma de persuasão e onde quem fala mais alto leva o troféu? É preciso começar por algum lugar, é preciso educar para a autonomia do ser para que saibamos dizer não ao que não é adequado nas condições humanas das relações e a construir uma nova perspectiva de trabalho, gerando um significado maior para o fazer, inserido o valor do ser. Para isso e quem faz isso, encontrará muitas barreiras e resistências, mas enquanto não modificarmos o pensamento e a atitude das pessoas nas organizações, o tema Gestão de mudanças continuará em pauta, lidar com incertezas será cada vez pior e daqui a um tempo, o tema mudará de nome, mas o problema continuará o mesmo.
Para mim, o cenário é muito claro, é preciso gerar e provocar a mudança de posicionamento, de pensamento, do ser com significado, correndo os riscos da resistência e do erro e estando pronto para assumir com autoria aquilo que pensamos e somos, dentro e fora das organizações
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