Os estilos de aprendizagem influenciam nos resultados de mudança?

A teoria do David Kolb sobre estilo de aprendizagem é muito conhecida pelas pessoas da área de psicologia, pedagogia e administração. Utilizada em diversas áreas, desde a sala de aula até a própria organização, o estilo de aprendizagem, desse autor, traz quatro nomes para quatro estilos de aprendizagem: ativista, reflexivo, pragmático e teórico.

A teoria cognitiva de aprendizagem nos explica que o processo de aprendizagem não é um processo único em casa pessoa. Portanto, ninguém é completamente ativista ou reflexivo, o processo de aprendizagem tem um ciclo em que as pessoas aprendem, experimentam, vivem essa aprendizagem de outra maneira, reforçam-na e instituem dentro do cérebro.

Então, ser uma pessoa pragmática não significa não ter os outros estilos de aprendizagem. O que diferencia as pessoas é por qual estilo de aprendizagem que ela começa o seu ciclo. Portanto, cada um passa pela aprendizagem de formas diferentes, em velocidades diferentes e sequencias diferentes.

Entendendo cada estilo de aprendizagem

Ativista: é o estilo de pessoa que aprende e começa a aprendizagem fazendo. Por exemplo: João assiste a um vídeo nosso e já sai testando o que viu em sua realidade. Isso acontece porque ele tem a predominância no ativismo e vai sempre querer testar a aplicação em sua realidade.

Reflexivo: a pessoa que tem a predominância de aprendizagem reflexiva é aquela pessoa que para e estuda a informação. Nesse caso, a observação e o estudo são fatores essenciais para a aprendizagem. O reflexivo precisa fazer perguntas para ter segurança de que aquilo irá se fundamentar em sua mente.

Teórico: o que caracteriza esse estilo de aprendizagem é que ele vai teorizar mesmo, ou seja, o teórico irá realizar uma análise de tudo o que está vendo, porém irá manter certo distanciamento. Ele precisar desenhar um padrão mental para que a aprendizagem aconteça.  

Pragmático: as pessoas que possuem essa característica são aquelas que partem direto para o plano de ação, aprendem fazendo testagens e criando pilotos.

Perceba que existe uma semelhança entre os ativistas e os pragmáticos, entretanto a diferença entre eles é que os ativistas não dão espaço para testagem, eles colocam em prática de uma vez. Enquanto, os pragmáticos irão realizar testes, fazer simulações e depois irão para outro estilo de aprendizagem que suplemente os testes que já realizou.

Estilos de Aprendizagem e a Gestão de Mudança

Pensando em um processo de mudanças dentro de uma organização, as pessoas precisam ter em mente que enquanto estão mudando, elas vão aprender. Se a mudança é um processo de aprendizagem, enquanto estiverem se engajando na mudança que está acontecendo, em seu cérebro, estará seguindo um ciclo lógico e cognitivo baseado na sua preferência de aprendizagem.

Por exemplo: Maria é uma pessoa que tem preferencia em começar pelo ativismo, pois, somente assim, as coisas fazem sentindo em sua cabeça. Depois, ela precisa refletir sobre o que aplicou, analisar se é funcional ou não, criando o seu próprio critério e, somente depois, começa a criar um protótipo para a implementação.  

Usando esse exemplo acima, se a Maria decidir implementar uma mudança dentro de uma organização, ela, provavelmente, irá realizar os procedimentos de mudança, seguindo o seu estilo de aprendizagem e a tendência será que ela cobre que seu time também sigam por esse caminho. Mas, existe a possibilidade de que as pessoas do seu time não tenham o mesmo estilo de aprendizagem de Maria. Se ela não considerar que, talvez, eles precisem de um tempo de reflexão, de análise ou de uma simulação, provavelmente, encontrará mais resistência e menos aprendizagem durante o seu processo de mudança.

Pensando em um segundo exemplo, vamos supor que o Francisco esteja passando por um processo de mudança e seu estilo de aprendizagem é teórico. Para que ele consiga se engajar no processo e iniciar o seu ciclo, precisará de tempo para formular uma hipótese e desenhar mentalmente esse processo. Porém, a organização para quem trabalha possui uma cultura totalmente ativista (isso é muito comum no mundo organizacional) e oferece para eles um workshop com a intenção que saiam colocando em prática todo o conteúdo que lhes foi passado. Nessa situação, o Francisco, provavelmente, irá se sentir sufocado pelo processo e as suas reações emocionais serão acionadas. Portanto, ele não irá aprender com essa mudança e, ainda, criará uma memória desagradável sobre processos de mudança e aprendizagem.

Saber sobre os estilos de aprendizagem é muito importante, principalmente, para quem conduz processos de mudança, pois, dessa forma, as mudanças não serão planejadas de acordo com o seu próprio estilo de aprendizagem. O condutor de mudança precisa considerar que as pessoas aprendem de maneiras diferentes e que se elas sentirem que são obrigadas a fazer de outra maneira, os resultados serão contrários ao que se espera, porque não vão conseguir aprender.

Quando as pessoas aprendem sobre estilo de aprendizagem, é preciso tomar cuidado para não ficar estático nesse ciclo. Esse conhecimento que existem quatro tipos diferentes, é importante para que as pessoas compreendam o motivo de estarem reagindo emocionalmente ao processo de mudança ou para avaliar se o impacto das suas ações estão sendo positivas ou não para os seus colaboradores.

Portanto, saber que as pessoas são diferentes e que a maneira como aprendem está diretamente ligada à maneira como elas agem durante a mudança, nos ensina que, em qualquer mudança, devem-se levar em consideração as quatro abordagens durante o seu workshop, treinamento e reuniões. Dessa forma, as chances de uma mudança de sucesso são muito maiores.

Muitas pessoas se questionam o motivo de suas ações não atingirem os resultados esperados. Essa pode ser a resposta, ou seja, pode ser que as ações propostas não consideram o estilo de aprendizagem do seu time.

É importante você fazer essa avaliação com você e com o seu time e entender que se mudança é aprendizagem, saber como eu aprendo faz totalmente parte de entender como e o que eu tenho que mudar.

Já existem estudos de que esses estilos também refletem na maneira como as pessoas regulam as emoções, ou seja, a maneira que aprendem pode tornar a sua regulação de humor mais ou menos difícil, independente de qualquer processo. Isso serve para entendermos, também, que aprendizagem/mudança está sempre ligada a uma resposta emocional.

Espero que esse texto te ajude a criar mais consciência de que a mudança precisa ser olhada com cuidado e que existem ferramentas que nos ajudam a transformar  as mudanças e a vida das pessoas da sua organização.

Franciele Maftum

#éhorademudaromundo

Vídeo Base: Como os estilos de aprendizagem influenciam no processo de mudanças – 2020 – https://youtu.be/ML1EK2QyjsY

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