O texto de hoje é uma reflexão individual e um convite para desenvolvermos uma maior atenção a valores que parecem estar faltando nas nossas práticas pessoais e organizacionais: Confiança e Conexão

Gostaria de falar duas coisas que são as principais habilidades para se ter sucesso nas relações consigo e com os outros: Confiança e Conexão.

São muitos autores renomados que trazem a confiança e a conexão como o alicerce para se ter uma vida plena e bons resultados organizacionais. Pesquisas apontam que Confiança é “a palavra do ano” e que está diretamente ligada ao engajamento.

Peter Senge fala da conexão consigo e com outro como a base fundamental para a mudança nas organizações. Steven Covey discorre sobre a Confiança e como ela pode acelerar resultados individuais e organizacionais. Brene Brown, através de sua tese de doutorado, chegou à conclusão de que a inovação e a satisfação pessoal somente são possíveis através da conexão.

Teorias de Gestão de mudança estão totalmente relacionadas a gerenciar relações, construir confiança e construir conexões genuínas.

Independente da teoria ou do estudo, uma coisa é certa: Estamos em uma condição de mundo em que o posicionamento consigo mesmo e com o outro precisa ser transformado. Para desenvolver confiança e conexão é necessária uma inspeção profunda ao saber ser. Faz-se necessário deixarmos um pouco de lado o saber fazer e reiniciar a construção de quem somos, como somos e porque somos, tornando-nos seres mais inteiros e mais adequados para construir relações significativas e genuínas. Sem defesas, medos ou justificativas.

Para explicar como é possível construir a confiança e a conexão com o outro, deixo aqui um texto de John Gottman (estudioso da confiança e conexão):

“A confiança é constituída em momentos muito pequenos, que eu chamo de momentos porta entreaberta. Em qualquer interação há uma possibilidade de conexão com seu parceiro ou distanciamento dele.

Vou dar um exemplo disso em meu próprio casamento. Certa noite eu queria muito concluir a leitura de um livro policial. Achei que soubesse quem era o assassino, mas estava ansioso para confirmar minha suspeita. A certa altura, coloquei o livro na mesa de cabeceira e me levantei para ir ao banheiro.

Quando passei pelo espelho, vi a imagem refletida de minha esposa e ela me pareceu triste, escovando os cabelos. Era um momento de porta entreaberta.

Eu tinha uma escolha. Poderia sair daquele banheiro pensando: “Não quero lidar com a tristeza dela essa noite; quero ler meu livro.” Mas, em vez disso, talvez por ser um sensível pesquisador de relacionamentos, decidi ir até ela. Segurei a escova que estava em sua mão e perguntei: “O que esta acontecendo querida?” Ela me disse que estava triste.

Naquele exato momento, eu estava construindo confiança; eu estava ali para apoiá-la. Eu estava me conectando com ela ao invés de escolher me dedicar apenas ao que eu queria. São momentos assim que a confiança é construída.

Um momento como esse pode não parecer importante, porém, se nós sempre escolhermos virar as costas para as necessidades do outro, a confiança no relacionamento vai se deteriorando – lenta e gradualmente.

Quando pensamos em traição nos termos da metáfora do pote de bolinha de gude, a maioria de nós imagina alguém em quem confiamos fazendo algo tão terrível que nos obrigasse a pegar o pote e jogar fora todas as bolinhas. Qual é a pior traição de confiança que você pode imaginar? Ele me trai com minha melhor amiga. Ela mente sobre como gastou o dinheiro. Alguém usa minha vulnerabilidade contra mim.Todas são traições terríveis, se, dúvida, mas há um tipo específico de traição que é ainda mais desleal e igualmente corrosivo para a confiança no relacionamento.

Na verdade, esta traição geralmente acontece muito antes das outras todas. Estou falando da traição do descompromisso. De não se importar. De desfazer o vinculo. De não desejar dedicar tempo e esforço ao relacionamento. A palavra traição evoca experiências de falsidade, mentira, quebra de confiança, omissão de defesa quando nosso nome está envolvido em intrigas ou fofocas e de não sermos escolhidos como alguém especial entre outas pessoas. Esses comportamentos são certamente traiçoeiros, mas não são as únicas formas de traição. Se eu tivesse que escolher uma forma de traição que tenha aparecido com muita frequência em minha pesquisa e que tenha se mostrado a mais perigosa em termos de corrosão do elo de confiança em um relacionamento, eu mencionaria o descompromisso.

Quando as pessoas que amamos ou quem temos uma forte ligação param de se importar conosco, de nos dar atenção e de investir no relacionamento, a confiança começa a se extinguir e a mágoa vai crescendo. O descompromisso gera humilhação e desperta nossos maiores medos: de ser abandonado, desvalorizado e desprezado. O que pode fazer dessa traição obscura algo muito mais perigoso do que uma mentira ou até mesmo de um caso de fortuito é o fato de não conseguirmos localizar a fonte da nossa dor – não há acontecimento, nenhuma evidência explícita de ruptura. E isso pode deflagrar um processo de loucura.

Podemos dizer a um parceiro descompromissado: “Você não parece mais se importar com nosso casamento.” Mas sem uma “prova” disso, a resposta pode facilmente ser a seguinte. “Chego em casa todo dia do trabalho as sete da noite. Ponho as crianças na cama. Levo a família para passear no domingo. O que mais você quer de mim?” Ou, no ambiente de trabalho, quando sentimos vontade de dizer: “Por que não me da mais feedback? Digam que gostam de mim! Reclamem de alguma coisa! Mas me façam lembrar que ainda trabalho aqui!”

Com os filhos, as atitudes têm mais peso do que as palavras. Quando paramos de nos interessar por suas vidas, não perguntando mais como foi seu dia nem querendo saber mais de seus gostos musicais, de suas amizades, eles ficam ressentidos e com medo (em vez de aliviados, independentemente do temperamento que os adolescentes possam ter). “E por não conseguirem expressar bem como se sentem com nosso desinteresse, quando paramos de nos esforçar para participar, eles começam a agir de maneira extravagante, pensando:” Isto vai chamar a atenção deles”

Assim como a confiança, a maioria das experiências de traição se acumula lentamente, com uma bolinha de gude de cada vez. Na verdade, as traições grandes e visíveis que mencionei antes são mais frequentes após um período de desinteresse e de corrosão lenta da confiança.

Essa mesma situação acontece diversas vezes em nossas relações pessoais e profissionais, então, fica aqui o convite, para que possamos tirar mais proveito desses momentos reacendendo assim, o aprender a ser!

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