O medo de errar e de fracassar são duas crenças que estão muito presentes dentro das organizações e, também, em nossa vida pessoal. Trata-se de uma crença com que convivemos há muito tempo – começando na escola, crescendo durante a experiência universitária e reafirmando-se nas experiências de trabalho.

Analisando rapidamente o mercado atual, as organizações que, hoje, destacam-se em criatividade, autonomia, produtos e serviços inovadores são aquelas que trabalham intensamente para afastar as crenças limitantes da cultura organizacional. São empresas, geralmente, voltadas para os ramos de tecnologia, mídias sociais e novas organizações de varejo – todas criadas há menos de dez anos e que já nasceram com a cultura de que é importante testar, errar e aprender com os erros. Essa cultura traz como resultado funcionários com alto nível de satisfação; índices baixos de doenças; baixa rotatividade de funcionários e; com inúmeras pessoas desejando fazer parte do quadro de colaboradores.

Entretanto, podemos dizer que essas empresas são exceções, a maioria das organizações não possui esse perfil e vivem grandes problemas para implementar mudanças, pois trabalham através da cultura de que o erro leva à punição. Cada organização possui a sua crença e os seus medos de punição, sendo eles: demissão, feedbacks negativos, taxação de incompetência, etc. E, essa crença enraizada dentro das organizações faz com que as pessoas produzam comportamentos que evitem correr riscos.

Por exemplo: uma equipe acredita que não pode cometer erros, pois serão punidos, portanto as pessoas começam a criar procedimentos para se eximir de responsabilidades, ou seja, começam a fazer comunicação sempre por e-mail (como garantia) ou criam vários controles diferentes, tudo isso com a intenção de se proteger, caso algum erro aconteça durante o processo.

Essa situação que citei acima é, visivelmente, uma crença do medo de errar e do medo de fracassar. As organizações que cultivam essa cultura são aquelas em que os funcionários deixam de dar as suas opiniões, da maneira mais honesta possível e que dificultam o engajamento dos colaboradores durante os processos de mudança.

Dentro das organizações, percebemos as crenças do medo de errar através das dificuldades que são encontradas, durante as mudanças, com pessoas que não conseguem ou não entendem o processo. Isso se justifica porque as organizações querem que grandes mudanças aconteçam, sem que pequenas mudanças e decisões sejam alinhadas previamente.  

Se a sua organização está passando por um processo de mudanças e vocês estão sentindo essa dificuldade, é hora de reunir os times e entender quais são as crenças existentes e os medos que as pessoas estão sentindo no processo. Após isso, é preciso decidir quais estratégias serão aplicadas para que a mudança possa acontecer. Esse é o momento de pensar nos comportamentos que o time possui e que vão precisar ser modificados.

Esteja aberto para aprender a escutar as pessoas, deixando o julgamento de lado e entendendo que mesmo que você acredite saber como as pessoas estão se sentindo, você não sabe. Cada pessoa reage de uma maneira, cada pessoa tem um ponto que precisará de mais atenção e se você, como organização, não disponibilizar esse espaço para que os seus funcionários possam se colocar, você estará reforçando a crença de que não podem errar, não podem se posicionar e não podem falar sobre suas emoções.

Dessa forma, você irá investir muito dinheiro em processos, mas a mudança não acontecerá efetivamente, porque você priorizou os resultados e não o caminho necessário para atingir esses resultados.

REGRA PARA TODAS AS MUDANÇAS

Existe uma regra que serve para todas as mudanças de todas as organizações: é preciso aprender a falar sobre o passado; é preciso começar a resignificar as crenças; é preciso aprender a dar segurança emocional para que o outro possa começar a se expor mais. São essas pequenas ações pessoais (de prioridade, de manejo de tempo, de comunicação) que fazem com que as pessoas consigam mudar o que as empresas querem mudar.

Outra informação muito importante é que o nosso cérebro só consegue desenvolver (ou seja, mudar) duas coisas por vez. Então, não adianta você fazer planos de ação de gestão de mudanças para que as pessoas tenham que mudar dez coisas ao mesmo tempo, pois elas não vão conseguir, porque é impossível para o nosso cérebro.

Faça planos menores, por exemplo: um plano de ação por mês. Trabalhe nesse plano e somente quando ele estiver efetivado, você segue para o próximo plano de ação. Durante essas mudanças, dê suporte para as pessoas, assim elas terão a oportunidade de mudar, de aprender e de tomar decisões autônomas, sem o medo de errar.

Quando você trabalhar com pessoas muito ansiosas, permita que elas foquem em apenas duas coisas, por dia, em seu trabalho, ou em duas coisas por semana. Por mais que as organizações acreditem que a carga de trabalho é muito alta para ser aplicável esse plano de ação dividido em pequenos planos, eu te garanto: é possível. Pois, mesmo que os colaboradores foquem em mais coisas durante o seu dia, as suas tarefas não vão ser finalizadas de maneira saudável.

Ao tentar realizar grandes mudanças ao mesmo tempo ou realizar muitas mudanças ao mesmo tempo, você irá se sobrecarrega-los e não irá conseguir atingir os resultados esperados, causando frustração. O sentimento de frustração, em processos de mudanças, geralmente, reflete uma crença de que não podemos errar e uma ideia de que não conseguimos sair do lugar. Então, fique atento a esses sentimentos, trabalhe essas crenças, divida o tempo para que as pessoas tenham tempo para trabalhar e aprender.  Tenho certeza que você vai ter resultados muito melhores e você vai gastar uma energia mais acertada.

Dessa forma, as pessoas irão conseguir realizar as coisas do começo ao fim, irão conseguir entender que, internamente, precisam tomar decisões para mudar e vão conseguir, de fato, mudar essas coisas. Quando se lida com as crenças de não errar, muda-se efetivamente.

Os resultados da produtividade serão muito maiores e, como um bônus, as pessoas vão conseguir passar por esse processo entendendo como estão; respeitando os seus limites e tendo um espaço de segurança para que consigam se desenvolver e isso é saúde mental.

Enquanto elas mudam, também têm a oportunidade de se conhecer e de construir a sua própria saúde mental. E já é comprovado que, atualmente, saúde mental é um produto caro no mercado. Quanto mais saúde, mais produtividade e maior o empenho em si e nas atividades profissionais, assim todo mundo pode sair ganhando.

Franciele Maftum
#éhorademudaromundo

Vídeo Base: O medo de errar te impede de mudar – 2020- https://youtu.be/kY0lfthjVcc

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *