EM MATÉRIA PUBLICADA PELA REVISTA ÉPOCA NEGÓCIOS, UM ESTUDO CONDUZIDO PELA CONSULTORIA DEXTERA MOSTRA QUE GRANDES EMPRESAS NO BRASIL AINDA NÃO LIDAM BEM COM TRANSFORMAÇÕES INTERNAS.
Mudanças sempre geram algum nível de desconforto, insegurança, resistência. Seja ela a fusão de uma empresa com outra, a adoção de um novo sistema operacional, uma tentativa de engajar mais a equipe ou qualquer outra transformação que afete o dia a dia de trabalho.
Nos últimos anos, o cenário ficou mais complexo com o avanço da tecnologia – especialmente a internet – e, consequentemente, o aumento da velocidade com que correm as informações. Talvez isso explique porque 78% das mudanças implantadas em 40 empresas no Brasil (a maioria de grande porte) não tiveram aceitação. Entenda por aceitação a aplicação efetiva da novidade e o comprometimento dos empregados com a nova realidade. O dado faz parte da pesquisa A Gestão de Mudança Organizacional no Brasil, realizada pela Dextera Consultoria.
Uma das consequências dessa dificuldade de assimilação é que 68% das transformações ocorridas nos últimos dois anos ainda necessitam de suporte complementar, segundo o estudo. Além disso, 6% dos executivos e gestores ouvidos pela consultoria relataram que ainda tinha preocupações organizacionais em decorrência dela e 2% ainda apresentavam características de resistência aberta à mudança.
Simone da Costa, diretora geral da Dextera e uma das responsáveis pela pesquisa, entende os números acima como a confirmação de que “não houve uma gestão mais estruturada do processo de engajamento, um olhar para a sustentação do trabalho, porque os funcionários ainda estão recisando de suporte.”
Essa transferência de responsabilidade pode acontecer, por exemplo, com a área de Recursos Humanos ou com um departamento especificamente voltado à gestão de mudanças, criado nos últimos anos por algumas empresas. “Ambas são áreas de apoio, que estão ali para orientar e dar suporte, mas a responsabilidade na condução da mudança é dos gestores, no dia a dia”, afirma Simone.
Um dos principais erros cometidos pelos chefes é, segundo a consultora, designar poucas pessoas para conduzir muitos projetos ao mesmo tempo. Em algumas das empresas que fizeram parte da pesquisa, havia 50 projetos acontecendo simultaneamente. “Mesmo em companhias gigantes, este é um número muito alto”.
Apesar das constatações negativas, o estudo também identifica um pequeno avanço positivo na maneira de conduzir as mudanças mais recentes – em comparação aos 68% que ainda precisam de suporte para lidar com mudanças de dois anos atrás. Hoje, um terço das empresas consegue manter o cronograma e o orçamento originais na maioria dos projetos e 42% delas alcançam os objetivos iniciais na maioria desses trabalhos.
Para que esses resultados sejam mais satisfatórios, Simone chama a atenção para o significado de “alcançar os objetivos iniciais”. “Cumprir o cronograma não é tudo”, afirma. “Ainda existe uma leitura equivocada do que é cumprir objetivos. Não é apenas dar uma ferramenta nova a um pequeno grupo. É preciso que toda a organização esteja adaptada à mudança”.
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